Após estreia na rua da sede do Instituto, o espetáculo “A Rua é Noiz” é lançado no local onde a escola de dança deu seus primeiros passos

“A Rua é Noiz”, novo espetáculo de dança do Instituto Katiana Pena (IKP), tem primeira apresentação no Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) após sua estreia na própria rua do recém-reformado IKP, dia 9 de setembro, com apoio do Instituto Dragão do Mar (IDM) e do CCBJ, na estrutura e montagem. O palco do Teatro Marcus Miranda recebe os jovens bailarinos do Grande Bom Jardim nos dias 13 e 14 de setembro, às 20h.

A periferia em cena. O espetáculo é retrato e imersão pelas danças nas ruas do Bom Jardim. A convite da companhia de dança do IKP, Ícaro Amorim, apoiador do projeto e morador do bairro, descreve “A Rua É Noiz” como um “um domingo no bairro, com roupas estendidas em varais multicores e com Diana tocando na radiola enorme da sala de casa ou Emicida mandando a letra nos IPhones hi-techs. Uma sensação de gente com amor pela vida e cuidado acolhedor pelos vizinhos de longa data. É um espetáculo HAP, porque tem ritmo e poesia, e happy porque é feliz do tipo Mc Marcinho”.

O Centro Cultural Bom Jardim foi lugar escolhido para a primeira apresentação do espetáculo, depois da estreia, por ser a segunda casa do Instituto, segundo a fundadora Katiana Pena. Lá o estúdio de dança teve sua fase embrionária, onde bailarinas e bailarinos que hoje integram o IKP tiveram suas primeiras vivências na arte da dança e da expressão corporal, no balé como expressão de suas vidas, uma forte marca do IKP.

O espetáculo desenha uma cartografia do Bom Jardim e de outros bairros da periferia, em defesa da dignidade da vida. Como cenário de uma grande tragédia ocorrida no início do ano e que vem tido reverberação nacional na Justiça e pelos direitos LGBTs, o “A Rua É Noiz” faz uma homenagem à Dandara, travesti assassinada. “É uma homenagem às Dandaras e também um repúdio ao crime de ódio. Nosso espetáculo é coisa séria e fala de problemas sociais sim. Eles existem. Estão aqui. A gente os sente na pele, na hora do almoço, quando cai a chuva. Por isso nosso corpo pede mudança e manifesta-se pela igualdade de raça e gênero. ‘Sou preto sim, branco pobre sim, mulher do fim do mundo sim. E daí? Eu quero a parte que me cabe nesse latifúndio!’”, continua Ícaro.

Mais sobre o “A Rua É Noiz”

“Simplesmente pelo fato de o nosso espetáculo lançar luz na vontade de traduzir no corpo o lugar onde moramos. Nossa periferia é nosso cenário real e simbólico e nosso enredo é nossa gente e nossos lugares de cada dia.

Queremos dar conta de nós mesmos, nos revelar e desvelar aquilo que nos define em cada relação com as comunidades. Temos uma pergunta: o que mostra a nossa cara?

Temos muitas possibilidades, a senhora trabalhadora, o senhor dono de casa, os “vetim” das praças, a jovem guerreira, a juventude aguerrida e o povo do ônibus lotado a caminho do trabalho para a luta diária. Nossa dança é a arte de compreender nossa vida, nossa realidade, a realidade do Bonja na perspectiva da mudança, porque A Rua é Noiz”. (Texto de apresentação do espetáculo)

“A Rua É Noiz” em dois dias de apresentação no CCBJ
Quando: 13 e 14 de setembro, às 20h
Onde: Teatro Marcus Miranda – Centro Cultural Bom Jardim (Rua 3 Corações, 400 – Bom Jardim)