De acordo com o ranking dos bairros segundo o índice de vulnerabilidade, os cincos bairros que compõem o Grande Bom Jardim encontram-se entre os 12 mais vulneráveis de Fortaleza (Bom Jardim – 4º; Siqueira – 6º; Canidezinho - 10º; Granja Lisboa - 11º e Granja Portugal - 12º). Em termos populacionais, esse território (GBJ) engloba 8,33% da população de Fortaleza e 38% da população da área administrativa V (SER V). Esta área é a maior da cidade e concentra os piores indicadores sociais e econômicos. Observando o perfil da população, o território do GBJ possui um grande contingente populacional de pessoas na faixa etária de 0 a 29, em torno de 120.957 habitantes. A expressão proporcional desse número é a representação de que 60% da população total do Grande Bom Jardim é jovem (0 a 29 anos), sendo que, do total dessa população, 58% tem entre 0 e 17 anos, faixa de cobertura das garantias do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ao mesmo tempo em que os jovens representam boa parte dessa população, são também eles as maiores vítimas da violência que caracteriza o GBJ. O Bairro Bom Jardim figurou entre 2007 e 2009 no topo dos bairros em que mais acontecem assassinatos. Além dos altos índices de homicídios, preocupa, sobremaneira, a centralidade desses casos na juventude, 186 jovens, de 15 a 29 anos, foram assassinados, em sua imensa maioria do sexo masculino, o que corresponde a 60% dos 312 casos de assassinatos registrados entre 2007 e 2009.
Segundo dados sobre o perfil demográfico e domiciliar (IBGE, 2010) o GBJ representa 8% do total dos domicílios da cidade de Fortaleza que são ao todo 710.066. O perfil disponibilizado também pelo IBGE 2010 revela que o GBJ caracteriza-se por ser um local com baixa renda média, devido a possuir em sua maioria setores censitários (censo 2010) com renda mensal inferior a R$ 500,00. Infere-se daqui, no acesso à renda, o perfil de pobreza dos domicílios, conseqüentemente de sua população, que concentra 43.732 domicílios, ou seja, 70% do total dos seus domicílios com até 1 salário mínimo per capita.
De acordo com o tratamento dos dados do último Censo (2010) feito pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), sobre a extrema pobreza na capital cearense, o Grande Bom Jardim tem 04 de seus bairros no ranking dos 10 bairros com o maior número e proporção de pessoas em extrema pobreza. O Grande Bom Jardim possui 20.459 pessoas vivendo com até R$ 70 mensais, o que representa 15,26% dos 134 mil pessoas miseráveis de toda a Fortaleza. Esta proporção é quase o dobro dos 8,9% que Fortaleza representa em relação aos 1,5 milhões de pessoas em extrema pobreza no Ceará.
Observando dados complementares às condições de renda, como o indicador Educação, por exemplo, pode-se revelar como um divisor de acesso ao trabalho especializado ou precário. A taxa de pessoas não alfabetizadas com 05 anos ou mais somam a seguintes proporções nos bairros da região, respectivamente, Bom Jardim 12,06%, Canindezinho 12,97%, Granja Lisboa 13,15%, Granja Portugal 14,44% e Siqueira 14,57%. Estas proporções são maiores do que as do Brasil (10,92) e as de Fortaleza (8,36). Somados aos índices acima explicitados, a região apresenta também desafios em decorrência de conflitos territoriais entre moradores de diferentes comunidades, disputa territorial entre traficantes, o que interfere diretamente no grau de violência do GBJ.
Em decorrência do perfil sócioeconômico e dos índices de violência do Grande Bom Jardim, o bairro foi escolhido como uma das áreas prioritárias do Ceará Pacífico, como também é a área de atuação e intervenção do Centro Cultural do Bom Jardim.